quarta-feira, 7 de abril de 2010

Meu assaltante...

...Leva tudo que é meu.
caderno desenho002

quinta-feira, 17 de dezembro de 2009

Artista: Leonora Carrington

Trabalho realizado para a disciplina de Pintura 1, do curso de Artes Plásticas na UnB, com Nelson Maravalhas.

_________________________________________________
1. Introdução



Leonora Carrington é uma artista que admiro e tenho muito apreço, suas obras falam do místico, de magia, lendas e mitologias, ela trata do mundo da imaginação com o devido respeito de quem acredita que por ser imaginado não é menos real.

Embora não seja uma artista amplamente conhecida, alcançou reconhecimento de artistas contemporâneos. Apesar das dificuldades durante a vida, nada a deteve de levar adiante seu trabalho.

A vida no México permitiu que ela, após a fuga do autoritarismo de seu pai, e da Segunda Guerra Mundial, pudesse construir uma nova vida, segundo sua própria vontade. A cultura local alimenta sua imaginação para novas criações.

Numa entrevista concedida em janeiro de 2007, Joanna Moorhead conhece a “prima desaparecida” de seu pai, Leonora. Nesta entrevista Joanna pergunta como a pintura surge, qual seria o impulso inicial, e Leonora com um olhar corretivo responde “Não se decide pintar. É como sentir fome e ir até a cozinha para comer. Pintar é uma necessidade, não uma escolha.”

Hoje Leonora, aos 92 anos, morando num subúrbio mexicano, ainda casada com Chiki Weisz, divide sua vida entre as tarefas diárias de uma senhora e as preocupações da vida artística. E lamenta o fato de ter tido que vender a maioria de suas pinturas.






2. Biografia


Leonora Carrington nasceu em Chorley, Lancashire, ao norte da Inglaterra, em 6 de abril de 1917, numa família burguesa.

Seu pai, Harold Carrington, descendente irlandês, era um protestante workaholic, magnata da indústria têxtil, enquanto que sua mãe, Maurie Moorhead, era uma católica irlandesa tranqüila e de mente aberta. Leonora viveu a infância criada por babás e tutores nas diversas mansões pelas quais passaram a família Carrington. Uma de suas babás, a irlandesa Mary Cavanaugh, contava a Leonora todo tipo de histórias, boa parte na língua gaélica. Além disso, Leonora também fazia visitas à sua querida avó na Irlanda, onde descobriu suas raízes celtas.

Aos nove anos de idade foi mandada a escolas de freira, mas não permanecia por muito tempo em nenhuma delas, não compreendia e não se conformava às regras severas impostas pelas freiras. Mas logo Leonora se rebelou para se tornar uma artista autônoma.

Seu primeiro contato com pintura foi durante a infância, através dos pincéis e tintas da mãe, que a incentivava na carreira artística, apesar da forte oposição do pai. Leonora convenceu sua mãe a mandá-la para a Itália para aprender arte. Estudou, em Florença, na Mrs. Penrose’s Academy of Art (Academia de Arte da Srª Penrose), uma escola de arte para jovens inglesas. Depois se mudou para Londres para estudar na Chelsea School of Arts (Escola de Artes de Chelsea) e também participou da Academia de Pintura de Ahédec Ovenfant.

Neste período, Leonora é presenteada por sua mãe, com um livro sobre o Surrealismo, de Herbert Reed, com a capa de Max Ernst, artista que se tornou um grande mestre e companheiro de Leonora. Em Paris, em seu primeiro grande encontro com Max, conhece um grupo de artistas surrealistas – Breton, Tanguy, Peret, Belmer, Arp, entre outros – que compreendem o que Leonora faz e o conteúdo de suas pinturas, o mistério, a magia, o místico, e a busca pelo triunfo da imaginação.

Porém, este período durou pouco, logo os nazistas alemães ameaçaram a França e os Aliados. Leonora e muitos outros surrealistas se uniram à Associação dos Artistas (Association of Artists), organização de intelectuais para ajudar judeus e artistas que se opunham a Hitler a sair da Europa. O governo francês prende todos os alemães nacionalizados franceses, e Max Ernst é um deles. Leonora sofre um colapso nervoso, e é alertada para que fugisse para se proteger dos nazistas. Abandonou, com todas as obras, a casa que dividia com Max Ernst, e libertou sua águia de estimação. Foi para a Espanha, onde teve outro colapso nervoso. Leonora foi internada num hospital psiquiátrico em Madrid, mas seu pai enviou um emissário para levá-la para a África do Sul e interná-la num sanatório, mas foi capaz de driblar o emissário e pegar um táxi para a embaixada do México a fim de pedir asilo. Suas terríveis experiências de fuga da França, mais a internação no hospital psiquiátrico, renderam-lhe os livros Down Below e The Stone Door.

Leonora conseguiu o asilo na embaixada mexicana com a ajuda do embaixador e também do diplomata, amigo de Picasso, Renato Leduc, com quem se casou para conseguir escapar da Europa para a América em 1941, pouco tempo antes de ser declarado o fim da guerra.

Em Nova Iorque (New York – EUA), Leonora pôde reunir-se aos surrealistas e conheceu Marcel Duchamp. Logo Renato e Leonora dissolveram seu casamento de conveniência, e Leonora viajou para o México, em 1942. No México reencontrou Breton, Peret, Alice Rahon e Wolfgang Paalen, e conheceu Remedios Varo, artista de quem se tornou muito amiga. Foi através de Remedios que Leonora conheceu o fotógrafo húngaro Csizi (“Chiqui”) Weisz, com quem se casou e teve dois filhos, um deles, Gabriel, se tornou escritor e leciona na Universidade do México, o outro, Pablo Weisz, seguiu carreira médica, mas também é pintor.

O México cativou Leonora por sua rica mitologia e suas muitas lendas. Lá produziu muito, pinturas, esculturas e livros, se tornou uma das artistas mais queridas do México. É conhecida pelo mundo como um dos pilares do surrealismo. Salvador Dali a tinha como a maior artista do sexo feminino.

Leonora presenteia o México com suas obras com certa frequência. Por exemplo, o mural El Mundo Magico de los Mayas do Museu Nacional de Antropologia e História, e a série de estátuas em Paseo de La Reforma, ambos no México.

Atualmente Leonora Carrington, a única surrealista ainda viva e saudável, cuida de seu marido Chiqui Weisz, tenta cumprir todas as encomendas de esculturas que recebe constantemente, e se pergunta se ainda voltará a pintar, pois como ela mesma afirma em uma entrevista concedida a Joanna Moorhead (que resulta em matéria publicada no site guardian.co.uk, em 2007), “Pintar é uma necessidade, não uma escolha”.






3. Referências


Em sua estadia na Itália, Leonora foi muito influenciada pelos mestres italianos, cujos dourados, vermelhos e cores terrosas se tornaram uma inspiração para seus futuros trabalhos.

Leonora Carrington y Ernst en St Martin d'Ardeche 1939
Max e Leonora em St. Martin d’Ardeche, 1939. Fotografado por Lee Miller

Mas foi através de Max Ernst que Leonora aprendeu muito a respeito de arte e literatura, Ernst e Leonora trabalharam e moraram juntos por um período aproximado de 2 anos (1938 a 1940), houve muita colaboração entre os dois, e naquele período desenvolveram muitos trabalhos, Leonora pintava Ernst e Max Ernst pintava Leonora.

portrait of max
Leonora Carrington: Portrait of Max Ernst, 1938-9

Em Portrait of Max Ernst, Leonora Carrington expõe sua visão de Max, e se põe na pintura como um cavalo congelado, atrás de Max Ernst, na paisagem.

Algumas fontes de pesquisa citam a possibilidade de Leonora Carrington se inspirar nas obras de Hieronymus Bosch, artista que se utiliza de um excesso de elementos na composição de suas pinturas, dificultando a compreensão geral da obra sem antes analisar as partes pormenores que compõem a pintura.






4. Técnicas Utilizadas


Algumas fontes de pesquisa mencionam trabalhos em diversas técnicas: desenho a nanquim, guache, aquarela, litogravuras, tapeçarias e colagens, entretanto não pude encontrar muitas amostras destes trabalhos nas pesquisas que realizei. Os trabalhos mais conhecidos e divulgados de Leonora Carrington são as esculturas e pinturas a óleo.

Pintura a óleo – É com a pintura a óleo que Leonora se sente mais à vontade para trabalhar. A maior parte de suas obras são produzidas através da pintura a óleo. Em suas pinturas a óleo, Leonora faz um planejamento meticuloso. A pintura é obviamente figurativa e em alguns momentos extremamente detalhada. Em muitas de suas composições a óleo, Leonora traz o excesso de elementos, causando um inundamento de detalhes de elementos muitas vezes incomuns, não familiares, como no caso do mural para o Museu Nacional de Antropologia e História, no México, intitulado El Mundo Mágico de los Mayas, bastante discutido no meio acadêmico. Alguns autores discorrem a respeito desta obra, como no livro de Andres Medina e Laurette Sejourne, em Mundo Mágico de los Mayas, e no texto de Maxwell Irving em Leonora Carrington’s El mundo mágico de los mayas and Alchemy (2009).

Leonora_Carrington_self_portraitSM
Self Portrait, 1936-7

ElMundoMagicoMayas
El Mundo Mágico de los Mayas, 1963

Aquarela – Na aquarela, podemos observar que Leonora produz a composição a partir dos desenhos. Há espontaneidade na pintura, as cores não são usadas para colorir os desenhos, e não há preocupação com a orientação da água e as marcas que ela deixa, como vemos na pintura abaixo. Neste caso, no canto superior esquerdo, vemos que ocorreu acúmulo de água, e o pigmento espalhou, secando nas extremidades.

SinisterWork-full
Sinister Work, 1973

Gravura e Litogravura – Leonora, em algumas ocasiões, aplica a técnica muito utilizada antigamente para ilustração, chamada color intaglio, que implica a impressão do desenho, e pintura à mão, através, por exemplo, da aquarela.

crookeryhall_leonora-carrington
Crookhey Hall, 1987; 61 x 91,4cm

Caneta e Nanquim sobre papel – Não se encontra muitos desenhos como estes, obtidos pela Galeria Tate Modern, de Londres. O curador Matthew Gale, em entrevista, declarou a vergonha que sente por Tate Modern possuir apenas estes dois trabalhos de Leonora Carrington, e acrescenta, dizendo que a artista foi negligenciada. Estes trabalhos mostram desenhos que já tem uma tendência para a pintura, visto que são produzidos através de manchas, áreas distintas com maior ou menor densidade de hachuras.

tate.org.uk_images_morethan_bothimages
I Am An Amateur of Velocipedes, 1941 (27x21cm)
e
DoYou Know My Aunt Eliza?, 1941 (27x21cm)

Colagem – Única colagem encontrada durante esta pesquisa, sem nenhum dado quanto ao nome da obra, dimensões e ano. Exposto ao ar livre na Cidade do México.

collage





5. Obras



Leonora possui muitas obras tanto no campo da literatura quanto das artes. Na literatura, já publicou os seguintes livros:
- The House of Fear (Ilustrado por Max Ernst);
- The Oval Lady (Ilustrado por Pablo Weisz-Carrington);
- Down Below;
- The Seventh Horse;
- The Stone Door;
- The Hearing Trumpet (Ilustrado por Pablo Weisz-Carrington).
Além de peças de teatro:
- Une Chemise de Nuit de Flanelle;
- Penelope – para a qual a autora teve o prazer de desenhar e produzir o cenário;
- La Invencion del Mole.

esculturas
Exposição de esculturas ao ar livre em Paseo de la Reforma, Cidade do México:


Para Leonora Carrington, a criação sempre esteve ligada à imaginação. Suas obras estão mergulhadas nas histórias de culturas antigas, como a mitologia celta, e a mitologia dos nativos da região do México.
Desde cedo Leonora demonstra interesse por alquimia, e por Carl G. Jung. Em suas obras procura mostrar todo este ambiente místico, instigar a curiosidade pelo mistério, pelo oculto. Utiliza de iconografias e simbolismos em abundância, através de seus trabalhos, Leonora parecia querer alcançar aquilo que Jung explicava como fenômeno da esquizofrenia, procurando a experiência de transferência entre o inconsciente e o resto do mundo externo, causando um embate entre o consciente e inconsciente.

portrait of the late ms partridge
Portrait of the Late Ms. Partridge, 1947

a filha do minotauro
And then we saw the daugther of the Minotaur!, 1953

chinese at a fountain
Chinese at a Fountain, 1967

Maxwell Irving autor de uma das publicações de análise da obra “El mundo mágico de los mayas”, estabelece uma relação entre pinturas de Leonora Carrington com pinturas de Hieronymus Bosch, devido grande parte delas apresentarem muitos elementos na composição, tornando quase impossível a compreensão geral da obra sem antes uma pormenorização de cada evento presente na pintura.






6. Algumas Exposições

Permanentes:

- Tate Modern, Galeria de Arte de Londres;

- Frei Norris Gallery, São Francisco, Califórnia;

- Instituto de Arte de Chicago, Illinois;

- Metropolitan Museum of Art, Nova Iorque;

- Museu de Arte Fred Jones Jr., da Universidade de Oklahoma;

- Fundacion Próa, Buenos Aires, Argentina;

- Museu de Arte da Universidade de Princeton, New Jersey;

- Museu Nacional das Mulheres nas Artes, Washington, D.C.;

- Meadows Museum at Southern Methodist University, Dallas, Texas;

- Museu de Arte Contemporânea da Universidade do Sul da Flórida;

- Museu Virtual do Canadá; (http://www.virtualmuseum.ca).






7. Fonte de Pesquisa

http://www.carringtonleo.5u.com/

http://en.wikipedia.org/wiki/Leonora_Carrington

http://www.guardian.co.uk/artanddesign/2007/jan/02/art

http://www.freynorris.com/media/Shotgun%20Review_%20Leonora%20Carrington_%20The%20Talismanic%20Lens.pdf

http://www.tate.org.uk/tateetc/issue7/morethansurreal.htm

http://www.flickr.com/photos/g_cravioto/2485699834/

http://www.artcyclopedia.com/artists/carrington_leonora.html

Leonora Carrington’s El mundo mágico de los mayas and Alchemy; Maxwell Irving, 2009.

Mundo magico de los mayas; Medina, Andres e Sejourne, Laurette; Publicação no México, Instituto Nacional de Antropologia e História; (Número de chamada na Biblioteca da UnB: 741.021.2 C318m)

(Adaptado)

sexta-feira, 18 de julho de 2008

Estudo

img005

Retrato de rostos infantis, rosto da minha irmã, e estudo do crânio.

Material: Lapiseira 0.5 2B ExtraMacia, Lápis 5B, Borracha branca, Folha A4 comum branca.